Não havia como não gostar de política. O pai Caetano Munhoz da Rocha foi governador, assim como o irmão Bento. Mas Raphael Munhoz da Rocha gostava mesmo dos bastidores. Eram eles que serviam de assunto para animar as conversas com os irmãos – os 24 dos três casamentos do pai – reunidos em torno de uma mesa farta – posta sempre com capricho pela mãe, Sylvia. E os goles de café eram servidos em meio às notas políticas, às lembranças de infância e de seus palpites com os cavalos.

Estes, aliás, eram uma paixão de Raphael. A primeira vez que foi a um hipódromo, tinha apenas 15 anos. Era no Guabirotuba. E por mais de 60 anos frequentou vários deles – no Brasil inteiro – quase que diariamente: conversava com treinadores, olhava os cavalos, cronometrava os tempos e só então cravava o palpite certeiro. Por essas e outras se tornou o cronista mais antigo e mais importante de turfe dessas bandas.

A carreira jornalística iniciou-se com a Gazetinha Turfista, uma publicação semanal da Gazeta do Povo nos idos dos anos 1940. Depois passou a colaborar com o Estado do Paraná e a Tribuna do Paraná. Em 2008 encerrou a carreira. Parte do seu acervo – fotos, troféus e a inseparável máquina de escrever (substituída só nos últimos anos pelo computador) – integrará o museu do Jockey Club do Paraná.

Segundo o irmão Paulo Munhoz da Rocha, Raphael era o 14.º dos 24 irmãos e viveu com a mãe Sylvia até a morte dela. Como era solteiro, mantinha uma dedicação singular à família e à profissão. Quando não estava no Jockey, nos hipódromos e haras, gostava de ficar em casa, assistia às missas rezadas na capela da família e, até os últimos dias, acompanhava o turfe internacional pela tevê. Dizia que era assim que gostaria de morrer. E no dia 18/06/2010, aconchegou-se à sobrinha Sylvia e faleceu assistindo televisão pouco antes das 22 horas.