Ontem o Jornal Bem Paraná, que circula em edição impressa em Curitiba e grande região metropolitana publicou uma matéria muito interessante sobre a criação paranaense. O matéria cujo o título é “O dia que a criação paranaense conquistou o mundo” conta a história de Glória de Campeão, do seu nascimento no Haras Santarém até a vitória na Dubai World Cup 2010.

Confira a matéria reproduzida na íntegra:

O dia que a criação paranaense conquistou o mundo – Bem Paraná 03/01/2018

No dia 29 de setembro de 2003, nascia no município de São José dos Pinhais um dos maiores cavalos da história do Brasil. Era uma segunda-feira quando o saudoso Sylvio Bertoli, proprietário do Haras Santarém recebeu a notícia de que sua alazã Audacity havia padreado um potrinho.

“Será que é tordilho igual o pai”, pensou ele, já que o garanhão que ficou responsável por “engravidar” sua alazã era Impression, um argentino imponente branco como a neve, igual aos cavalos dos príncipes em contos de fadas. Mas não, era castanho escuro totalmente diferente do pai e da mãe. Foi batizado como Glória de Campeão.

O potrinho foi comprado por Stefan Friborg, um executivo sueco que se apaixonou por uma brasileira e decidiu unir as duas paixões em nosso país. Aqui corria seus cavalos representando o Stud Estrela Energia. Sua farda, muito bonita por sinal unia as cores amarelo e azul, em homenagem as duas pátrias.

Glória de Campeão estreou nas pistas no fim de 2006, no Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro. Venceu e logo chamou a atenção, pois havia vencido quatro das cinco corridas que disputou, sendo uma delas clássica. Foi inscrito para correr o Grande Prêmio Presidente da República e chegou a São Paulo como protagonista.

Fez terceiro nesta prova e na homônima corrida no Rio de Janeiro. Antes, venceu um Grande Prêmio importante no Jockey Club Brasileiro. Dali em diante o que se viu foi uma viagem para os Emirados Árabes Unidos e uma carreira que colocou a criação paranaense no topo do mundo. 

Em 2009, após vencer algumas provas clássicas no exterior, Glória de Campeão foi inscrito no Dubai World Cup, corrida com a maior dotação do mundo. Se vencesse colocaria o turfe brasileiro em outro patamar. Os brasileiros Siphon e Sandpit já haviam corrido a mesma prova e por pouco não conseguiram vencer.

A vitória não veio, com Glória de Campeão chegando em segundo para Well Armed, um puro-sangue inglês nascido em Kentucki, EUA. No mesmo ano ele venceu o Cingapura International Cup, com prêmio de U$ 2 milhões. Isso já era um feito histórico para a criação paranaense, mas o melhor estava por vir em 2010.

Com sete anos, mas saúde de um potrinho, o cavalo criado em São José dos Pinhais voltou a Dubai para a grande prova. Primeiro venceu a preparatória, chamada de Al Maktoum Challenge. Na edição de 2010 da Dubai World Cup, Glória de Campeão novamente iria enfrentar os melhores cavalos do mundo e o jóquei que iria pilotá-lo também seria um brasileiro, Tiago Josué Pereira.

A prova foi uma batalha, já que o prêmio era de U$ 10 milhões. E claro, como qualquer grande batalha que marca a história de um país, ela foi dramática. Diferente do ano anterior, Glória de Campeão assumiu a primeira colocação logo na largada, com todos os adversários o seguindo de muito perto na primeira metade dos 2.000 metros.

Na entrada da reta final, todos esperavam que Glória de Campeão cansasse e os animais do fundo do lote o ultrapassassem um a um. Mas Tiago Pereira em direção espetacular “joqueou” o cavalo paranaense como nunca, chegando muito próximo do disco de chegada na primeira colocação.

Quando faltavam apenas 100 metros, surgiu Lizards Desire, cavalo do Sheikh Mohammed Bin Khalifa Al Maktoum para “estragar a festa brasileira”. Ele vinha muito mais rápido e a sensação era que havia ultrapassado Glória de Campeão. Para se ter uma ideia, o jóquei Kevin Shea, que montava o animal árabe chegou a comemorar a vitória.

Todas as câmeras buscavam o cavalo “da casa”, praticamente esquecendo-se do brasileiro. Até que surgiu uma imagem em câmera lenta e todos começaram a se questionar: “Será que ele ganhou mesmo?”

Quando veio a imagem do fotochart, o Hipódromo de Maydan se calou, surgindo Dalva Friborg, dona de Glória de Campeão comemorando com a bandeira do Brasil em punhos. Glória de Campeão havia vencido por diferença de “meio focinho”. A Dubai World Cup era brasileira. A criação paranaense conquistava o mundo.

*Cortesia Jornal Bem Paraná.