Por Gerson Borges de Macedo

Com pesar informamos o falecimento, ocorrido no dia de ontem em Curitiba, do cronista de turfe Ary Ayres de Mello Junior. Ary era um dos mais longevos cronistas, tendo sido por várias décadas narrador oficial do Jockey Club do Paraná. Também narrou corridas no Hipódromo de Uvaranas, em Ponta Grossa. Foi repórter da TV Jockey e responsável juntamente com Edson Ruck pela Revista Paraná Turfe. Ary Ayres também foi presidente da Associação dos Cronistas de Turfe do Paraná e era sócio ouro do Jockey Club do Paraná desde 1962.

Ary Ayres de Mello Junior tinha 81 anos, e será sepultado hoje, dia 21 de dezembro de 2020, às 10h, no cemitério Jardim da Saudade.

Por Mario Sérgio Silveira Marquez (Zuca):

“Foi um grande cronista de turfe, participativo, narrador, comentarista, editor de revista, muito popular também em Uvaranas, promoveu jogo de arremates por lá. Pessoa correta e integra, que durante mais de 50 anos militou no nosso turfe. Também era um homem de espírito alegre, amigo dos amigos, e contador de divertidas histórias de turfe.”

Por Luiz Renato Ribas:

“Ary Ayres de Melo Jr., advogado, de Ponta Grossa, da mesma carreira brilhante do pai, de familia de posse, começou sua carreira idealista na Crônica do Turfe após a inauguração do Tarumã. Além do rádio, narrador e comentarista, editava junto com Demétrio Garzuze, o “Flexa Ligeira”, uma revista por ocasião dos Grandes Prêmios “Paraná”, o que fez por muitos anos e, se não me engano, até o último ou penúltimo GP.”

Nota do Presidente da Associação dos Cronistas de Turfe do Paraná, Leopoldo Scremin, no Portal Bem Paraná:

“Como presidente da Associação dos Cronistas de Turfe do Paraná, declaro luto oficial. Ary era um exemplo para todos, sendo decano desta associação octagenária, a qual ele também presidiu. Se já vimos muitos cavalinhos irem para o céu, com certeza também o temos agora lá, junto com seus amigos Flecha Ligeira e Edson Ruck, apostando, narrando, comentando e torcendo pelos animais agora alados. Pois pessoas como Ary Ayres com certeza vão para um lugar melhor. Nossos mais sinceros sentimentos aos familiares, amigos e também aos admiradores.”

NA SETA COLORIDA DOS 300…

Tributo à Ary Ayres de Mello Jr (por Gerson Borges de Macedo, narrador oficial do Jockey Club do Paraná)

A voz que ecoou por décadas nas arquibancadas do Hipódromo do Tarumã e de Uvaranas e pelas ondas de várias emissoras de rádio que transmitiam as corridas, silenciou!

No último domingo faleceu Ary Ayres de Mello Jr – que emprestou sua emoção ao turfe e dele fez sua paixão!  Dono de uma memória prodigiosa e um conhecimento aprofundado das corridas e dos cavalos – o Ary Cavalinho, como era chamado por alguns foi se juntar a outros tantos grandes narradores que transmitem hoje as corridas em outra dimensão.

Com certeza já deve estar de conversa com seus inseparáveis amigos Edson Ruck e Flexa Ligeira – colocando a prosa em dia!

Ary sempre surpreendia pela vitalidade, ignorando a idade e os problemas de saúde que já se apresentavam ultimamente. Já em final de carreira foi nosso repórter na TV Jockey entrevistando gente do turfe e personalidades nacionais como Chico Anysio que visitava o Tarumã em uma determinada jornada. Quase beirando os ointentinha resolveu se mudar de mala e cuia para João Pessoa/PB e por lá ficou por um ano – só desistindo da ideia de se tornar nordestino, derrotado pelo calor daquela terra. Voltou a Curitiba e logo foi nos visitar na velha cabine de transmissão do Tarumã de onde por décadas a fio contou as histórias das corridas de cavalos. Entre uma conversa e outra adormeceu ali mesmo – quiçá embalado pelo sono gostoso das emoções do turfe, enquanto eu e Vaccari Neto cumpríamos tagarelando, o papel que ele tanto tempo desempenhou. Foi a última vez que lá pisou e a ultima vez que vi o velho amigo!

Era comum todo ano ele me encomendar uma matéria para sua revista tradicional do GP Paraná – a Paraná Turfe, que circulou também por décadas. Sempre colaborei, porque era difícil dizer não ao insistente colega – sempre determinado!

Ary me contou que era o único narrador do mundo que transmitiu uma corrida de tartarugas – convidado que foi para estrelar uma matéria de uma emissora de TV que fez as ditas cujas “correrem” em plena Rua XV em Curitiba.

Sua memória não era só para o turfe. Declamava poesias extensas de cor e salteado e mostrava nesses momentos um outro lado de sua personalidade. Adora contar suas aventuras, sempre dividindo o estrelato dos causos com o Edson e o Flexinha. Momentos impagáveis era assistir essas conversas. Piadista de toda hora, sempre tinha alguma nova para contar e alegrar o ambiente.

Lembro do Ary de binóculos pendurado no pescoço e de bolsa a tiracolo pendurada para trás, subindo a rampa do paddock do Tarumã. Sempre brincava com ele dizendo: Ary cuidado …. se tirar o binóculos você cai para trás e se tirar a bolsa você cai para a frente, falava eu  … e ele sorria concordando com minha pilheria.

Eu, que moleque costumava ouvir pela Cruzeiro do Sul suas narrações, tive o prazer de convidá-lo a narrar um páreo há uns dez anos atrás, juntamente com outros grandes do passado, em uma noite histórica no Tarumã em que homenageamos ex narradores. Foi show e é claro que o bordão mais conhecido dele foi dito com sua voz vibrante, quando os cavalinhos passaram pela “ estaca coooolorida dos 300” – quando a tropa atingia os 300 metros finais e a cerca na época passava de branca para vermelha, segundo ele mesmo me explicou, o porquê do bordão.

O time de narradores lá do segundo andar está de dar inveja e recebeu grande reforço!

Aqui… fica a tristeza que um dia passa  e a saudade de um dos nomes de maior destaque de nossa crônica especializada!

À benção… Ary Ayres de Mello Jr!!!

 

 

Ao lado de Estanislau Acir Stanislawczuk (jaqueta marrom), por ocasião do lançamento do livro “Esses Cronistas Super Herois e suas Mancadas Maravilhosas”, de Luiz Renato Ribas

Ary Ayres e a Velha Guarda da Crônica paranaense (em pé, o quarto da esquerda para a direita)

Em pé: Ivo Chiarello; Newton Sergio Ribeiro Grein; Ary Ayres de Mello Junior; Raphael Munhoz da Rocha; Heros Bastos Zanardini; Mario Sergio Silveira Marquez; Mario de Araújo Marquez. Sentados: Ubaldo Siqueira; Francisco Castellano Neto (Patrono da Crônica de Turfe); Edson Ruck; Dalton Mehl Andrusko