Confraria do Turfe – por Luiz Renato Ribas

– Derivados dos primários desafios, em campos abertos ou em canchas retas, surgiram os primeiros Jockeys Clubs no Brasil tendo como pioneiro o carioca em 1868.
– No Paraná, o pioneiro foi o “Clube Paranaense de Corridas” em 2 de dezembro de 1873, sob iniciativa de um gaúcho, o coronel Luiz Jácome de Abreu e Souza.
– E o futebol, originalmente inglês, só apareceu por volta de 1908, em Ponta Grossa, por influência de uma empresa inglesa na construção da via férrea: Ponta Grossa-São Paulo.
– Assim se passaram 25 anos onde o turfe não tinha concorrência esportiva, além das cotidianas lutas de braço de ferro, porrete, rasteiras e corridas a pé.
– Somente em 1909 surgiria o primeiro time de futebol amador curitibano, o Curityba Foot Ball, fundado no dia das crianças em 12 de outubro daquele ano.
– As corridas de cavalo eram realizadas em prados com áreas enormes e arquibancadas para mais de três mil pessoas, numa cidade de 24 mil habitantes.
– E sem estádio próprio, o Curityba FBC., arrendou a parte central do Guabirotuba para treinar e jogar pelo campeonato regional onde foi campeão ali em 1916.
– E até os anos 50, futebol e turfe eram rivais na disputa amistosa de público e datas, sem concorrência, para seus Atletibas e Grandes Prêmios “Paraná”.
– Passados 133 anos de turfe e 108 de futebol o cenário é outro onde o esporte bretão inovou com profissionalismo contra o turfe ainda hoje estaticamente amador.
– Enquanto o futebol no mundo inovou, o turfe nacional, ao contrário do mundial, permaneceu sem criatividade, seguindo a original e tímida trajetória amadorística.
– A mesma tecnologia utilizada pelo futebol, com geração de imagem dos jogos, utilizada também pelo turfe, com apostas à distância, apresenta resultados díspares.
– Economicamente o futebol brasileiro vem sobrevivendo com a comercialização dos direitos de imagem e uma intensa política de marketing em busca de mais sócios.
– Pobre turfe, outrora o primo rico afilhado de prefeitos e governadores e hoje, por total falta de planejamento nacional, sobrevive às custas de heróis idealistas.
– Tão visíveis, quanto roubar doce da boca da criança, são os exemplos de um turfe mundial e profissional inovador, cada vez mais vibrante, em especial, o da Ásia.
– Prova é que tão profissional quanto atraente lá estão há anos os nossos melhores jóqueis, como ídolos, em Singapura, Austrália e Hong Kong, incluindo a Argentina.
– Tudo poderia ser igual no Brasil, que já foi um dos maiores centros criacionais do mundo, porém, a discórdia política do tempo do Império, ainda prevalece.
– Aqui se peca pela falta de inovação, pelo marasmo, atitudes omissas que rechaçam a médio prazo a iniciativa, não só interna, como a de investidores estrangeiros.
– Hoje se vê um ex-poderoso Jockey Club de São Paulo morrendo e dois tradicionais jockeys do Sul, o Paraná e o Rio Grande do Sul, sobrevivendo ainda do idealismo.
– A falta de liderança nacional, ao contrário da que permitiu a evolução de um futebol valorizado em busca de um entendimento comercial, o turfe continua se arrastando.
– Investidores estrangeiros não vão além do setor da movimentação mundial das apostas, pois arquibancadas vazias não alteram em nada o seu propósito.
– Há quase duas décadas, se fala em inovar com a “Pedra Única”, o que seria um passo adiante pela nacionalização de um turfe prioritariamente profissional.
– E olhem o turfe tem um parceiro federal, o Ministério da Agricultura, que na prática, infelizmente, já não é mais aquele rico parceiro econômico do tempo do Swespstake.
– Na cabeça dos líderes do turfe só vegeta, como salvação da lavoura, a implantação, extra turfe, das maquininhas ou o arrendamento de áreas para shoppings vizinhos.
– Assim, sem uma Associação Brasileira de Turfe, do tipo da milionária CBF, talvez, ironicamente, arrendaremos estádios para os cavalos, face um patrimônio à mingua.
– Enfim dos Jockeys Clubes nacionais, o único realmente clube, com vida social e economicamente independente, em sua essência, é o Jockey Club Brasileiro, do Rio.
– Porém, infelizmente, é apenas um clube sem consciência de liderança nacional, esquecendo seus valores históricos como do grande líder Lineu de Paula Machado.