Nesta quinta-feira, o Jockey Club do Paraná, como parte da série de homenagens realizadas a diversas figuras de destaque do turfe paranaense, prestará tributo ao Haras Tamandaré e a seus dois titulares, Alcides Coltri e Rubens Grahl. A homenagem se dará no sétimo páreo da programação, previsto para as 20:50h.

O Haras Tamandaré marcou época no turfe nacional. Sediado no município de Almirante Tamandaré, criou grandes corredores como Indaial, Opalelê, Nareka, Vinhão, Lendário, Kiótis, Trezel, entre outros.
O Haras Tamandaré encerrou atividades no início dos anos 1990. Rubens Grahl seguiu na atividade turfística como proprietário vencendo o Grande Prêmio Paraná com Innamoratto (New Colony x Hirsuta) em 1997.
Segue um pouco da história de Masteréu (Adil x Scottish Dilemma) que embora criado pelo Haras Jahu defendeu as cores do Haras Tamandaré e venceu o Grande Prêmio Paraná com Isao Oya, sendo posteriormente seu reprodutor.

MASTERÉU, O GRANDE CAMPEÃO DO HARAS TAMANDARÉ

mastereu

MASTERÉU – “Um Paraná em Nome de Adil”

por Marco A. de Oliveira

Nascido e criado no Haras Jahu (Cotia/SP), o graúdo alazão Masteréu representava mais um dos nomes de proa do Stud Almeida Prado & Assumpção, nascidos em 1962 e entrante às pistas em 1965. Em boa parte de sua campanha representou as sedas “verde e cinza em listras horizontais” de seu criador, mas depois dos seis anos foi adquirido pelo tradicional Haras Tamandaré (PR), das cores “vermelho, estrelas brancas, mangas vermelhas, braçadeiras e boné azul”. Justamente para este colheu o maior triunfo de sua longa e útil campanha.

A performance de Masteréu começou pela Gávea onde, no biênio 1965/66, correu 23 vezes para vencer duas e colocar-se em nove. Nada de mais, mas não esquecemos que sendo um legítimo Adil (Epigram e Candid Lover) a tendência seria de pouca precocidade e acentuada melhoria a contar dos 4 anos. E assim o foi. Sua mãe, a inglesa Scottish Dilemma (Scottish Union e Dinorama), foi uma das primeiras importações de ventres para o estabelecimento dos irmãos João Adhemar e Nelson de Almeida Prado, legando ainda dois irmãos inteiros de Masteréu com aproveitamento clássico em Cidade Jardim: a alazão Jahuita e o pretinho Nanquim. Vale recordar que no Rio de Janeiro, Masteréu obedecia aos cuidados profissionais de Expedito Coutinho e para ele colheu os seguintes triunfos: 22.08.1965 – Páreo General de Divisão Cândido Mariano da Silva Rondon (1.500m – AP), em 1’35”3/5, com Manoel Silva, sobre Rei David, Fotochar, Di, Snowking, Honey Fool e Happy Sun; 19.06.1966 – 1.600m (AP), em 1’44”, com José Machado, sobre Mechant, Salamalec, Floco, Fenton, Guitton e Cuore.

Transferindo-se para São Paulo no segundo semestre de 1966, Masteréu passou para o treinador Castorino Borges e, verdadeiramente, decolou. Em Cidade Jardim provou a esfera clássica e colheu ao todo seis lauréis (2 nobres e 4 comuns), além de colocações na esfera maior. Recapitulando seus êxitos na paulicéia: em 1966 – Prêmio Feudo (2.400m – GL), em 2’30”5/10, sobre King Kong, Heráldico, Jurno, Alarcon, Kid Galahad, Saigô, Koneied e Franco; Prêmio Karatê (2.200m – AL), em 2’21”, sobre Kanovo e Raleigh; Prêmio Genaide (2.200m – AE), em 2’05”5/10, sobre Magloire, King Scotch, Estibordo, King Lawrence, Kanovo, Deado, Kaito e Young Love; Prêmio King Archer (1.800m – AL), em 1’51” (Recorde), sobre King Scotch, Keynesiano, Rasputin, Kanovo e Índio Piquerobi. No ano seguinte partiu para suas conquistas clássicas: 08.01.1967 – “Clássico Governador do Estado” (2.000m – GL), em 2’03”3/10, com Antônio Masso, sobre Itamaraty, Gastão, Messidor, Carataí, Olheiro, King Archer e Non Plus Ultra (não largou); 09.07.1967 – “Prêmio 9 de Julho” (3.000m – AL), em 3’12” (ficando a 4/10 do recorde), com Joaquim G. Silva, sobre o irmão inteiro Nanquim, além de Carataí, King Twist e Pleocádio. Repassando agora suas colocações clássicas no Hipódromo Paulistano: 2º para Gastão (Clássico Presidente João Sampaio – 2.200m – AL), 2º para Maverick (G.P. General Couto de Magalhães – Taça de Ouro – 3.218m – GL) e 5º para Tagliamento (G.P. São Paulo – 2.400m – GL), todas em 1967; 3º para Dilema (Prêmio Presidente João Sampaio – 2.200m – GL), em 1968; 5º para Viziane (G.P. General Couto de Magalhães – Taça de Ouro – 3.218m – GL), já em 1970.

Ficara evidente por sua franca evolução em São Paulo que Masteréu herdara também de Adil o maior rendimento em percursos alentados, aliando adaptação tanto à areia quanto à grama. Assim, interessado em um animal que pudesse disputar com êxito as melhores provas do calendário paranaense, o Haras Tamandaré adquiriu o alazão já com 6 para 7 anos. E a quem pensasse que isto seria temerário, Masteréu desmentiu com 13 vitórias no Tarumã. Com destaque para os GGPP Duque de Caxias, Dino Bertoldi, Farid Surugi e o ambicionado Paraná, no qual em outubro de 1969, estabeleceu marca Recorde para os 2.400m (AL), em 2’38”5/10. Na oportunidade, brilhantemente dirigido por Isao Oya, Masteréu arrancou na reta final para bater com facilidade aos qualificados Negroni e Dilema, respectivamente segundo e terceiro colocados, além de diversos outros participantes.

Já aos 8 anos, beirando à compulsória, Masteréu foi sacado das pistas passando a servir como garanhão no próprio Haras Tamandaré, onde foi fértil tendo como produto de maior destaque Lendário (Verorola), ganhador da Taça de Ouro (2.000m – GP), em 1976, na Gávea, além de diversas passagens vitoriosas pela esfera clássica no Tarumã.