Nesta quarta-feira, dia 28, haverá o evento de posse da nova Diretoria da Sociedade de Médicos Veterinários do Paraná – SOMEVE-PR, na sala de eventos da ACPCCP. Após a posse, haverá uma mesa redonda cujo tema será “Novos Desafios para o Controle da Anemia Infecciosa no Paraná”.

Um dos debatedores será o Dr. Ricardo Vieira. Médico Veterinário formado na Universidade Federal do Paraná – UFPR, Dr. Ricardo possui experiência de dez anos com equídeos no setor privado e trabalha há 13 anos no Serviço Oficial da Defesa Sanitária Animal no Paraná. Atualmente, é coordenador dos Programas de Sanidade dos Equídeos, Ovinos, Caprinos e das Abelhas da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – ADAPAR.

Confira abaixo a entrevista que o Dr. Ricardo Vieira gentilmente concedeu ao Jockey Club do Paraná. Logo abaixo da entrevista, estará disponível a programação completa do evento.

Jockey Club do Paraná – Quais são as obrigações que os proprietários de cavalos devem cumprir para atender às normas legais sobre a anemia infecciosa?

Ricardo Vieira – Os proprietários de cavalo devem manter seus cadastros atualizados junto a ADAPAR, somente devem transportar seus equídeos acompanhados da Guia de Trânsito Animal e com o atestado de exame negativo para Anemia Infecciosa Equina – AIE dentro do prazo de validade.

O exame é realizado pelos laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, onde devem ser entregues amostras de soro sanguíneo e a requisição de exame, devidamente preenchida por um Médico Veterinário, com os dados da propriedade onde o animal se encontra, do proprietário e do equídeo, inclusive com sua resenha que aponta sinais particulares, pelagem, calçamentos e demais características que permitem identificar o equídeo e relacioná-lo ao exame obtido.

JCPR – Qual é o papel da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – ADAPAR no enfrentamento da doença?

RV – A ADAPAR mantém o cadastro de todas as propriedades com equídeos no Paraná e monitora o trânsito desses animais através da Guia de Trânsito Animal – GTA. Para realizar o transporte de equídeos é necessário possuir cadastro atualizado e apresentar os atestados de exames negativos para AIE. Somente assim é emitida a GTA para que os equídeos transitem de uma propriedade para outra.

Nos eventos agropecuários também é obrigatória a apresentação de GTA e AIE negativa dentro do prazo de validade para admissão dos equídeos. Essa verificação é realizada por Médicos Veterinários habilitados pela ADAPAR como Responsáveis Técnicos dos eventos.

A ADAPAR também é responsável pelo saneamento de propriedades que apresentam animais com atestados de exames POSITIVOS para AIE. Nesses casos os animais podem ser retestados se houver algum motivo, ocorrendo nova colheita de sangue pelos fiscais da ADAPAR, (colheita oficial) e a amostra é testada em laboratório oficial do MAPA (exame oficial).

Não havendo motivo para exame oficial, ou no caso da confirmação de positividade do equídeo oficialmente, a ADAPAR é responsável pela interdição da propriedade, sacrifício do(s) equídeo(s) positivos e também pela colheita de sangue de 100% dos equídeos da propriedade. O saneamento é encerrado quando a propriedade obtiver 100% de exames negativos em duas colheitas de 100% dos equídeos em um intervalo de no mínimo 30 dias. Somente assim a propriedade é considerada saneada e pode ser desinterditada pela ADAPAR.

Outras atividades da ADAPAR em relação à AIE são a compilação de dados da ocorrência da doença para o MAPA, que por sua vez compila os dados de todo o Brasil para a informação da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE.

Em suma: 1) Orientação a produtores rurais; 2) Controle da participação dos equídeos em eventos agropecuários; 3) Controle do trânsito de equídeos; e 4) Diagnóstico e controle de enfermidades no rebanho, principalmente Anemia Infecciosa Equina.

JCPR – Há algum estudo sobre a situação da anemia infecciosa no Paraná? Como estamos em relação aos estados vizinhos?

RV – Cada Estado da Federação é responsável pelos estudos de doenças de interesse em seu território. Em 2018, a ADAPAR realizou um estudo epidemiológico sobre a AIE no Paraná. Foram amostradas 890 propriedades sorteadas aleatoriamente em todas as regiões do Estado do Paraná. Foram testados aproximadamente 2.600 equídeos destas propriedades e obtidas a Prevalência de AIE em Propriedades = 1,57% e a Prevalência de AIE em Equideos = 0,52%. Esses índices muito baixos permitiram a ADAPAR aumentar o prazo de validade do exame de AIE de 90 para 180 dias para o trânsito de equinos intra-estadual.

Em 2010, o estado de Santa Catarina realizou um estudo similar e obteve Prevalências de 1% e 0,4% para propriedades e animais respectivamente, o que demonstrou similaridade com o Paraná.