Foto-destaque: Porfírio Menezes/JCSP

Na Segunda Prova da Quádrupla Coroa de Potrancas In Society deu um verdadeiro show na raia. A potranca, de propriedade do Bet Gold Stud, simplesmente ultrapassou todas as demais pretendentes à vitória. Foi daquelas atropeladas cinematográficas, que só o turfe pode proporcionar. E foi sobre In Society que um dos sócios do Bet Gold Stud, Jairo Martins Jr., falou para o Jockey Club do Paraná. Da emoção da vitória até o futuro da potranca nas pistas, confira abaixo:

Jockey Club do Paraná – Do início da campanha até hoje, In Society mudou bastante a forma como corre. Como foi decidida essa mudança?

Jairo Martins – Foi mudado depois da terceira atuação dela. Ela sempre trabalhou muito bem desde potranca, confirmando na estreia. As duas corridas depois, na esfera clássica, nos deixaram bastante desapontados. Talvez a primeira pela inatividade, estava há mais de noventa dias sem correr. A segunda, que nós já gostávamos muito da corrida, ela fez um quarto apagado. O jóquei falava que ela sempre vinha na mão, na hora de fazer correr não tinha nada embaixo. Então nós sentamos, conversamos que alguma coisa tinha que ser feito, que ela tinha pedigree para chegar na distância, tipo físico, trabalhava bem e não confirmava. Então alguma coisa nós tínhamos que fazer. Optamos por aliviar ela no trabalho e correr de uma forma diferente. Correr lá atrás e tentar uma atropelada. Então foi isso que fizemos. Aí já deu certo na primeira atuação quando fizemos um segundo ¼ corpo. E até se nós tivéssemos mais confiança nela, desde o começo, talvez naquela oportunidade já teria saído vencedora. Dali para frente começou a correr assim, sendo essa a terceira atuação dela assim.

JCPR – Quem são os titulares do Bet Gold Stud? Quando vocês começaram essa parceria?

JM – Isso todos perguntam! Ele funciona assim: começou em 2014 ou 2013, acho. Eu estava indo jogar bola na casa do Paulinho Pelanda e cheguei entre 17h30 e 18h. Estava com o Felipe na sala e comentamos que tinha leilão no dia. Aí eu falei que tinha somente um lote que eu achava muito interessante. O Felipe respondeu que para ele também. Aí abrimos o catálogo e eu disse que para mim era o 51. O Felipe respondeu que para ele também. Perfeito… Ali era Friends of Gold. Ligamos para dois ou três em Bagé, eu não conhecia o Julinho na época, pegamos informação dela… o defeito dela: é pequena… Ok! Tudo certo, compramos. Dali começou. Foi recriada no Rio Iguassu. Começou ganhando na estreia e a campanha dela pela frente todos sabem como foi. Meu irmão interessado, participando, acabei comprando a In Society no Araras e o Felipe terminou de recriar ela. Compramos ela desmamada e como o valor que eu pagaria nela era parecido com o custo, ele acabou entrando de sócio. Os outros animais o Felipe não é sócio, então é o Felipe que é o pé quente. As duas melhores o Felipe é sócio. Os outros animais é somente eu com meu irmão.

JCPR – Parece que se não tiver emoção, In Society não ganha. Vocês estavam reunidos vendo a corrida? Dá para explicar o sentimento de um proprietário quando vê sua potranca vencer desta forma?

JM – É, se não tiver emoção parece que fica mais difícil… é impressionante. É o que eu sempre comento, é o tipo de cavalo horrível para você ter, guardadas as proporções, no sentido figurado, porque corre de trás numa partida curta. Por exemplo, na carreira do “Henrique de Toledo Lara”, a hora que ela deu a partida nos 400 metros ela estava em último, nos 300 ela estava em penúltimo. Se acontece qualquer desvio de linha na frente dela, ela perde o páreo. Então você dá muita chance para os outros, né. Qualquer prejuízo você perde o páreo, você perde 1 ou ½ corpo que depois não dá mais tempo de recuperar. Quando os páreos são mais vazios, como por exemplo na Taça de Prata, que era um páreo de seis éguas, dá para vir por dentro, tranqüilo, que a passagem vai aparecer. Já um páreo como o “Henrique” de dez éguas, com três ou quatro éguas parando, é difícil aparecer a passagem. Então tem que ter muita calma, cautela e confiar no animal. Sempre tem que ter esse show no final, impressionante! E como falam, com emoção valorizamos mais. Estávamos vendo juntos, sim. E o sentimento é assim, fica um alívio só depois do páreo. Você torce a corrida inteira para aparecer uma passagem, para ela atropelar, para ela confirmar, para a outra cansar, para a faixa dar certo… O sentimento é de alívio e tarefa cumprida após o páreo. Mas é muito gostoso, muito gratificante para nós que somos novos, que acompanhamos dia a dia, que sabemos a dificuldade que é. Então eu falo para todos isso, quando ganhamos, temos que comemorar mesmo, porque é tão difícil… A coisa a ser mais valorizada é realmente a vitória. Então tem que comemorar, tem que agradecer a Deus, a quem ajudou, a quem participou, enfim… é um sentimento muito gostoso.

JCPR – E quem é a equipe que está por trás do sucesso de In Society?

JM – No momento, algumas pessoas. Na trajetória, são várias que tem que ser valorizadas. Desde o momento em que o Fernão da APPS deu apenas o ok, que tinha visto a égua presencialmente, que não tinha problema algum, enfim, que não tinha nada que desabonasse ela. Pessoal do Haras Rio Iguassu, capitaneado pelo Alan, que criou ela com carinho, com competência. Na cocheira, desde o domador que foi o Vargas, o treinador Neto, o cavalariço Paulinho, o galopador S. P. Santos, o ferreiro Zezinho, Pontarolo e equipe na parte veterinária. Pessoal lá em São Paulo que nos atende demais, pessoal da cocheira do Gosik… Então todos tem um pouco de participação, desde o motorista do caminhão. Então são essas pessoas que fazem parte do sucesso. E, claro, treinador e jóquei que todos já sabem.

JCPR – Para finalizar, qual será o futuro de In Society?

JM – Seguindo o caminho natural, corre o Diana em novembro. Dali ela vai para a Gávea diretamente e vamos tentar correr a Coroa carioca. Tendo ou não sucesso na Coroa carioca corre mais uma ou duas vezes e encerra a campanha. Ou seja, ela tem mais cinco ou seis corridas na campanha dela, e deve encerrar no segundo semestre do ano que vem.