Foto-destaque: Felipe Neves

Uma bomba estourou no último páreo da primeira reunião da temporada 2020/2021 do Jockey Club do Paraná. Após uma partida cancelada os cavalos tiveram que voltar ao partidor para uma nova largada. Quem se deu bem com a história foi Google di Job, que pagou a bagatela de R$ 23,00 para real apostado na modalidade de vencedor.

No comando das rédeas estava Barbara Melo, gaúcha de Itaqui, que aos 11 anos veio morar em Curitiba. Foi na capital do estado do Paraná que ela conheceu de fato as corridas de cavalo, se apaixonou mais ainda pelos cavalos e resolveu seguir a profissão de joqueta. Sua primeira montaria foi Dragon Virtual, treinado por Alc. Menegolo, enquanto sua primeira vitória foi com Receive, treinado por J. Cesar.

Na sétima prova da reunião do dia 03 de setembro, Barbara Melo irá novamente comandar as rédeas sobre o dorso de Google di Job.

Acompanhe abaixo a entrevista gentilmente concedida por Barbara Melo, a joqueta do Tarumã:

JCPR – Onde você nasceu e onde você cresceu?
Barbara Melo – Nasci em Itaqui, Rio Grande do Sul, onde fiquei até meus onze anos. Vim para Curitiba com meus pais e por intermédio do Sr. Aroldo, ferrador, conheci o Jockey Club do Paraná.

JCPR – Você veio de uma família grande?
BM – Sou a quarta filha de seis irmãos, sendo cinco mulheres e um homem.

JCPR – Você teve algum esporte preferido quando era jovem? Algum sonho de ser profissional de algum outro esporte?
BM – Sempre gostei de futebol, mas nunca pensei em ser profissional. Jogava no parque!

JCPR – E como você descobriu as corridas de cavalos? Foi em Itaqui ou somente quando você veio para Curitiba e conheceu o Jockey Club do Paraná?
BM – Em Itaqui eu montava apenas em cavalos da lida de campo. Havia corridas de cancha reta, mas eu apenas assistia. Conheci cavalos de corridas aqui!

JCPR – Qual foi a primeira vez que você viu uma corrida de cavalos ao vivo?
BM – Fui ao Jockey com o Sr. Aroldo, uns 14 anos atrás.

JCPR – Ele era amigo da família? Da sua família mesmo, alguém gostava das corridas?
BM – Ele era meu vizinho em pinhais, da família ninguém tinha nada a ver com corridas! Eu sempre fui apaixonada por cavalos!

JCPR – E como e quando surgiu a ideia de virar joqueta?
BM – Quando vi as corridas fiquei impressionada e ele me disse que havia mulheres que montavam. Depois me apresentou ao professor da escolinha! Na época, o Sr. Lauro. Como eu era leve ele me aceitou na escolinha e assim comecei do zero. Tudo muito diferente do que eu estava acostumada.

JCPR – Você comentou que montava cavalos na lida. Quando você montou em um cavalo de corrida pela primeira vez, foi como se fosse a primeira vez?
BM – Sim, fui apresentada ao “selim” (risos) nunca tinha visto! Montava com selas ou só com pelegos ou em pelo.

JCPR – E por quanto tempo você acabou exercitando cavalos antes da primeira corrida como aprendiz?
BM – Fiquei trabalhando mais ou menos nove meses até a minha estréia. Foi com um cavalo do Alcione Menegolo, Dragon Virtual. Esse cavalo foi doado para uma instituição para trabalho de equoterapia.

JCPR – Você aprendeu rápido? Teve alguma dificuldade?
BM – Fui me familiarizando rápido! Tive o apoio do treinador Alcione Menegolo, que me dava dicas e cavalos mansos para trabalhar. Ele foi como um pai.

JCPR – Quando você estava na escolinha de aprendizes, você consegue se lembrar de algum conselho, ou alguma dica, que alguém te deu e que você levou para o restante da carreira?
BM – Lembro muito dos Conselhos do ex-jóquei Eli Machado Bueno, que era auxiliar de professor na escolinha. Após as corridas, ele me explicava os erros e acertos com muita calma, e sempre dizia: “escute sempre as críticas daqueles que querem o seu bem e são bons profissionais!”

JCPR – O que você lembra da sua primeira corrida? Você estava nervosa? Lembra em que posição terminou?
BM – Muito nervosa! (risos). Não lembro direito, mas acho que fiz quinto lugar.

JCPR – O que você lembra sobre sua primeira vitória? Era um favorito, um azarão, tinha chance de vencer mesmo não sendo o favorito? E qual era o cavalo/égua?
BM – Receive do J. Cesar. Era uma das forças. Foi no dia 30 de março de 2007.

JCPR – De lá para cá, qual foi o melhor cavalo que já montou?
BM – Cebolinha, no Rio Grande do Sul.

JCPR – Quantas corridas você já ganhou?
BM – Foram quase trinta.

JCPR – Agora conta um pouco daquela corrida maluca em que você venceu com Google di Job. Você esperava vencer? Inclusive ele praticamente correu duas vezes aquele dia!
BM – Na verdade, como ele tem alguns problemas locomotores, quando deram a partida e cancelaram vi ali a chance de esquentar ele. Mas a minha ideia era ir até a curva e parar, só que ele acabou ficando bravo e só consegui parar na reta! (risos). Gostei da forma como ele trabalhou, mas como a raia estava seca e ele gosta mais da raia molhada, sabia que a carreira poderia ficar difícil.

JCPR – Há quantos anos você é joqueta?
BM – Há 14 anos, parando algumas vezes. Fiquei grávida três vezes e tive uma fratura.

JCPR – Quais são seus planos para o futuro?
BM – Infelizmente não vejo muito futuro no Paraná, talvez volte para o Rio Grande do Sul.

JCPR – Barbara, muito obrigado! O espaço é seu! Mande um recado para todos os turfistas que te acompanham e te apoiam.
BM – Gostaria de agradecer de coração a todos que sempre torceram por mim, que sempre me apoiaram na minha profissão. E gostaria de dizer também que a minha maior vitória foram os amigos que ganhei!