Hoje o vitorioso Dr. Rubens Gusso, Médico Veterinário e atual Diretor de Marketing do Jockey Club do Paraná, completa 59 anos de vida, sendo 37 deles tendo dedicado à atividade de Medicina Veterinária Equina. Com quatro vitórias no Grande Prêmio “Paraná” em seu currículo (Golden News, Innamorato, No Ar e Lionel the Best), Dr. Rubens está deixando a Medicina Veterinária e se prepara para alçar novos voos. Confira a entrevista que o tetracampeão do Paraná concedeu ao Jockey Club do Paraná, onde agradece esposa, filhos e mãe e faz um balanço de carreira. Confira abaixo:

JCPR – Conte-nos um pouco da sua trajetória e formação profissional.

Dr. Rubens Gusso – Desde a infância acompanhei meu pai, o treinador Rubens Gusso, no Hipódromo do Tarumã, meu exemplo e inspiração para gostar de cavalos. Na época de decidir qual curso superior faria optei pela Medicina Veterinária pela afinidade com os equinos. Minha graduação foi na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Conclui o curso em 1983. Desde então atuo na medicina equina. Concluí o Mestrado em Ciências Veterinária pela UFPR em 2000.

JCPR – Como foi o início de sua profissão?

RG – Fiz estágios com vários nomes da medicina veterinária equina, como Heliodoro Antônio Oliveira Duboc, Ovidio Garcez Neto, Nelson Rucker, Hermínio Gusso, Darar William Zraik, Adilson Menegolo, Murilo Nichele, Celso Bertolini (SP) e José Roberto Taranto (RJ). Nessa época o Jockey Club do Paraná passava por uma grave crise financeira, assim como todo o país. As oportunidades para recém-formados eram escassas. Meu primeiro emprego foi na Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida (ABCPCC), com sede em São Paulo. Fui acolhido pela família do treinador Eduardo Gosik e permaneci alguns meses. Posteriormente surgiram outras oportunidades e retornei ao Paraná. Meu primeiro cliente foi o Sr. Eraldo Palmerini (Haras Palmerini), com o qual participamos desde a compra da área na Colônia Murici em São José dos Pinhais e da construção do Haras com o pai dele, Sr. Luciano Palmerini.

Endoscopia do aparelho respiratório equino

JCPR – Outros clientes surgiram?

RG – Na sequência fui me firmando na atividade e passei a atender os cavalos do Haras Águia de Prata (Sidney Catenaci), Haras Curitibano (Raul Baptista Trombini), Haras Rincão do Bicho (Nelson Bufrem), Haras Rio Verde (Luís Guilherme Gomes Mussi) e Coudelaria Baptista (Nestor Baptista) entre outros.

JCPR – E no Hipódromo do Tarumã?

RG – Desde o início atendi cavalos no hipódromo, favorecido pela presença da família com meu pai e na sequência meu irmão, Marcio Ferreira Gusso, o qual sempre me prestigiou e ao qual agradeço imensamente a confiança, companheirismo e a possibilidade de atender excelentes corredores. Nesses 37 anos de atividade, dezenas de proprietários confiaram seus animais aos meus cuidados veterinários, entre os quais destaco e agradeço: Stud My Hero Dad (José Cid Campelo Filho), Stud Yellow River (Getúlio e Roberto Belina), Jalmir Parolin, Stud Solana (Romário Perretto), Stud Ajato (Pedro Kuchacki), Marcus José Andrade da Cunha, Bernardo Olsen Neto, Júlio Cesar e José Antônio Garcez Castellano, Rubens Grahl, Haras Santa Rita da Serra, Haras São José da Serra, Haras LLC, Stud Florentia (Antônio Acir Breda e Antônio Carlos Bettega), Leonel Treml, Haras J.B.Barros, Haras Springfield, Ali Zraik Junior, Haras H. Oliva, Stud Alvarenga, Haras Valente, Jarbas Jesus Ribeiro, Haras Pemale, Silvio Cibulsky, Eládio Benevides, Alcibíades Almeida Faria Neto, Euclair Bernardoni, Haras Dom Octávio, e Haras Gralha Azul.

JCPR – Com quais cavalos obteve as vitórias mais marcantes?

RG – Foram muitas vitórias ao longo desses anos, mas vou citar alguns animais com as vitórias e campanhas mais expressivas: Golden News; Innamorato; No Ar e Lionel the Best, vencedores do Grande Prêmio Paraná. Também deixaram gratas recordações Orário Púbblico, Olhar Mágico, Job di Caroline, Marco di Colony, Prince di Java, Josephine di Glory, Lixívia, Caroline di Bond, Dubliner, Amalfi Nera, London Di, Pontcho, Ponsardin, Khayasin, Lourt, Pérgamo, Lixívia, Wiseguy, Chocolatier, Camden, Conde Attack, Good Time Boy e Oldsaybrook

JCPR – Como é o dia a dia da profissão?

RG – É prazeroso, compensador e estimulante. Porém, requer muita dedicação, plantão permanente e o ambiente é muito competitivo, gerando pressão e cobrança de resultados. O profissional tem que ter equilíbrio, bom senso e dar atenção também à família e as necessidades de atualização e conhecimento científico. Não é nada fácil conjugar todas estas variáveis e manter a ética num universo de apostas e interesses diversos.

JCPR – Nos trabalhos em haras e clube, destacaria alguns momentos inesquecíveis?

RG – Certamente foram muitos, tanto positivos quanto negativos. Atender um animal com cólicas durante horas ou dias e perdê-lo é muito frustrante. Mas salvar a vida de um potrinho recém-nascido que ficou órfão e adaptá-lo a uma ama de leite é muito dignificante. Tratar um cavalo com muita dor, se debatendo, esvaziar seu estômago fazendo o aparelho digestório funcionar e o animal voltar à vida não tem preço. As eutanásias são situações de difícil decisão e que requerem muita experiência e conhecimento. Programar o tratamento de um animal para uma prova importante em conjunto com o treinador e deixá-lo no ápice da forma física vencendo um grande prêmio coroa todos os esforços.

JCPR – As equipes de haras auxiliam muito o veterinário?

RG – Certamente, sem um grupo afinado não se alcança bons resultados. Um bom gerente de haras, guardião noturno, cavalariços e um casqueiro ou ferreiro em sintonia são fundamentais.

JCPR – Em que nível estamos com relação ao trabalho em equipe na Medicina Veterinária?

RG – Ainda não chegamos no nível de profissionalismo, organização e integração da medicina humana, mas a evolução foi grande nos últimos trinta anos na nossa região. Foram fatores decisivos para que isso acontecesse o aumento no número de profissionais e a oferta de especialistas, como radiologistas, obstetras, ultrasonografistas, endoscopistas, cirurgiões ortopédicos, anestesistas, odontólogos, clínicos gerais e laboratoristas.

JCPR – Qual sua participação durante todos esses anos nas entidades equestres?

RG – Participei dos primeiros movimentos para criação da Sociedade dos Médicos Veterinários de Equídeos do Paraná – SOMEVE, integrando várias diretorias e trabalhando na organização de congressos e outros eventos de cunho científico. Na Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Paraná ocupei os cargos de Diretor Técnico, Secretário e membro dos Conselhos Fiscal e Deliberativo nas gestões dos Presidentes Newton Sergio Ribeiro Grein, Eraldo Palmerini, Cesar Evangelista Oliveira Franco, Edison Mauad, Roberto Belina, Jael B. Barros, Alcibíades de Almeida Faria Neto e na atual de José Caetano Ferreira Neto. No Jockey Club do Paraná integrei a diretoria presidida por Paulo Irineu Pelanda (2015 – 2018) e de Roberto Belina (2018 – 2021) na condição de Diretor de Comunicação e Marketing.

Com a esposa Sonia Regina Wotkoski e filhos Giovani e Filipe. Apoio incondicional!

Com os pais Rubens Gusso e Marcilia Ferreira Gusso. Gratidão eterna

JCPR – Gostaria de fazer mais algum agradecimento?

RG – Primeiramente, preciso mencionar minha esposa, meu filhos e minha mãe. Em seguida, dois colegas de profissão especiais, Antônio Fernando Marques Perche e Newton Birskis, que muito me ajudaram em momentos difíceis, em emergências, e são grandes amigos. Estendo os agradecimentos a tantos outros veterinários que da mesma forma sempre estiveram ao nosso lado. Inclusive constituímos o Stud Melão composto por 14 veterinários. Agradeço também a toda a coletividade de profissionais de turfe (jóqueis, cavalariços, gerentes, treinadores), funcionários, ferradores, transportadores, pessoal da farmácia, laboratórios, enfim, pessoas que nesses 37 anos sempre foram muito solícitas e colaborativas.

JCPR – Desejaria deixar uma mensagem nessa despedida?

RG – Meus últimos atendimentos foram no dia 05 de dezembro, e para minha felicidade fechamos com chave de ouro vencendo o Grande Prêmio “Paraná” com Lionel the Best e mais duas vitórias com Sunny Isles e Amigomárcio. Encerro com a sensação de dever cumprido!